quinta-feira, 13 de março de 2008

I belong to Jesus

É com pesar que venho por meio deste post, notificar aos meus clientes e fãs que estou me aposentando. É sabido que qualquer profissional deve acompanhar o mercado, de forma a não deixar escapar as oscilações de sua área e com isso, perder seu precioso ganha pão.

Talvez eu esteja abandonando a labuta muito precocemente. Afinal, ainda não atuei em filmes de projeção nacional-muito menos internacional-, ainda não fui capa daquela revista mensal que sempre tem como slogan de sua beldade o famoso “veja o que fulano não viu”, “veja o que beltrano gostaria de ter visto”, “veja o que só sicrano viu”. Conhece? Pois é. Ainda não passei por ali. Também não escrevi um livro ou tatuei o nome do meu cliente preferido em nenhuma parte do corpo. Estou me aposentando muito cedo, verdade. Mas preciso seguir o fluxo.

Já decidi a tatuagem, em homenagem a um jogador que admiro muito. Kaká. Sabem a camisa que ele mostrou a torcida depois de fazer um gol? É isso que eu vou tatuar em mim. Já me decidi. Se todas minhas colegas de profissão fazem isso, porque eu deveria ficar de fora?

I belong to Jesus. Vou entrar na primeira igreja e, peraí... Como não pensei nisso antes? Será que a Gretchen, a Joana Prado, a Carla Perez, a Monique Evans não estavam falando de Jesus, Jesus e sim do Jesus, aquele baixinho de lá debaixo, o responsável pela limpeza, com um bigodinho sexy, com um sotaque de novela da Globo? Meu Deus! Quase favoreço o cara errado! Afinal, se todas estão se entregando a Jesus, porque Jesus não pode se entregar a mim? Sem distinção de raça, cor, profissão, ou bigodinho de porteiro. Eu vou me entregar a todos! A aposentadoria fica pra depois! Até porque, a melhor forma de exorcizar os pecados é na horizontal...

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Bizarrices nossas de todo dia

Apesar do preconceito que existe contra a minha classe, eu me considero uma profissional. E como tal, não devo ter com meus clientes os preconceitos que eu teria na minha vida particular. Afinal, estou sendo paga (e muito bem paga!) para realizar todos os desejos do homem (ou da mulher) na minha frente.

Mas, em alguns anos de trabalho eu sou obrigada a admitir que coleciono uma quantidade considerável de fatos bizarros. Como por exemplo, o cliente da casa onde trabalho. Sempre no mesmo dia, mesmo horário, mesma roupa, mesma profissional (alguns gostam de variar), e o mesmo ritual. Sexo oral e depois uma ligação. Para a recepção. Pedir um mamão (juro que não era pra rimar!). A fruta deve ser cortada de um jeito específico. Apenas o bico da fruta, só pra tirar os caroços... Depois, o mamão vai para o microondas. 30 segundos para aquecer. A essa altura, enquanto o mamão esquenta, eu esfrio. Mas tudo bem, não sou eu que serei usada. Aliás, serei. Enquanto folheio uma revista, sirvo de mero suporte para o mamão.

Outro gostava de pés. Não para ver, beijar, acariciar ou qualquer outra coisa que você imagine fazer com os pés. Ele gostava mais do espaço entre os dedos. Graças a Deus ele não era avantajado e eu tenho grande flexibilidade nos dedos dos pés.

Outro ainda, só tinha relações se estivesse completamente vestido. Com o corpo que ele tinha, eu agradeço todos os dias as esquisitices alheias. Mais um, tinha mania de ficar todo despido, só usava meias. Nos pés, e... lá...

E ainda tinha um que gostava de imaginar mais uma mulher na cama. Só imaginar. Ele devia ficar com medo de falhar caso concretizasse a mais antiga fantasia masculina.

Terrível.

Um brinde às esquisitices alheias e o dinheiro extra que eu recebo por elas!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Começando a vida


Nada é mais triste que ser incumbida de tirar a virgindade de um moleque na puberdade.
Aquela criança espinhuda que poderia ser meu filho chega, meio sem jeito. Deve ter uns 13, 14 anos. As roupas são mais largas do que as mais provavelmente adequadas para o corpo. Ele treme da cabeça aos pés, e tem vergonha até de tremer.
-Calma-, digo eu.
-Eu estou calmo! - como quem diz: "você pensa o quê??! Que eu nunca transei na vida?? Eu sou macho, rapá!"
-Como você quer que seja?
-F-f-f-frango assado. - perdoe-o, Pai. Ele não sabe o que diz.
-Ok. Vou tirar a roupa, então.
-NÃO!
-?...
-É...é que eu queria que você fizesse um strip tease antes.
-Tá...vou ligar a música.

Enquanto faço o strip tease, penso na pizza que deixei no congelador. Acho que vou passar no mercado e comprar uma Coca. Quem será que vai pro paredão hoje? Vou ver Big Brother comendo aquela pizza e bebendo Coca. Hunnn...

-E-e-eu comprei uma coisa pra você fazer o strip-tease. -ah, lingerie preta. Bom, pelo menos na fantasia, você vai ser igual a todos os outros. Mas não entendo essa fantasia besta de ter a sua primeira vez com alguém que você nunca viu antes e que espera nunca tornar a ver.

-Tá, vou no banheiro trocar - pobre criança. Enquanto eu troco de roupa, penso em um modo de deixá-lo relaxado. Bem que eu podia pedir pra minha empresária providenciar uma champagne. Se tem algo neste mundo machista que deve ser comemorado, é a perda da virgindade de um moleque. Que lingerie é essa? Minúscula! Vou ficar ridícula com isso. Robe urgente.

-Você vai ficar um pouquinho mais de tempo aqui e não vai pagar mais por isso - digo eu, decidida, quando saio do quarto. O tal tempo a mais fica por minha conta. Nada como uma atitude altruísta por semana.

-O-o-o-quê?
-Garoto, você bebe?
-Claro que sim.
-Fala a verdade.
-Bom...semana passada eu tomei um porre de...
-Deixa eu fazer uma ligação.

Fico lá fora fumando um cigarro e esperando a champagne chegar. Lá vem um representante do meu agente me entregar a bebida, que também sai do meu bolso. Aliás, não é só o meu bolso que ele filma; é o robe todo. Mas meu olhar gélido de não-dou-pra-quem-não-me-paga o afugenta rapidinho.

Trago a bebida para o quarto e ele tem a ousadia de acabar com qualquer disfarce que possivelmente pudesse ter usado:
-O que é isso?
-Champagne. - levemente decepcionada porque eu quase vira uma carreira de ator começar naquela cama, sirvo a champagne nas duas taças. Será que é aquele gatíssimo que vai pro paredão hoje? Ou a loirinha?

-Mas será que eu vou ficar muito bêbado se tomar isso? A minha mãe não pode sentir cheiro de álcool - ok, agora ele desistiu completamente de disfarçar qualquer coisa.
-Relaxa, moleque - eu acho que a loirinha vai pela casa e o gatíssimo vai pelo líder.

O moleque degusta a bebida. Ele fez uma cara de quem comeu, ou melhor, bebeu e não gostou. Mas é lógico que engoliu aquilo fingindo que gostou, da mesma forma que nós somos pagas para engolir certas coisas fingindo que gostamos. Mas quem está me pagando, afinal, é ele. Eu só pago a champagne e os 15 minutos a mais suficientes pra esse poço de hormônios gozar.

Por que perder a virgindade tão cedo? Pra quê a pressa? A pressão que esses moleques sofrem por parte da família, dos amigos e deles mesmos para provarem que gostam de mulher é tão grande que eu morro de pena e agradeço todos os dias por não ter nada balançando entrepernas.

-Termina de beber isso aí.
-Você não vai beber, não?
-Ah, é - droga. Eu tava na esperança de que ele gostasse de uma cachaça e esquecesse de mim. Adeus, Big Brother. A única coisa que eu vou ver hoje é meu travesseiro.

Cerca de dez minutos se passam até que o olhar dele comece a mudar. Hora de ligar a música e fingir que eu não me sinto gorda nessa lingerie comprada para modelos de revista.

Strip-tease feito, virgindade tirada numa posição nada parecida com frango assado, ruídos estranhos saídos do moleque, ejaculação precoce como eu previ, porque champagne não é Lexotan e nem é recomendável misturar as duas coisas. Cliente feliz, que promete voltar. Mau sinal. Mal começou a transar e já tá querendo criar laços afetivos. Esse vai ser sentimental.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Altruísmo

Sandy Sade. Um nome um tanto quanto contraditório, o que é fácil notar se você for minimamente ligado em música pop brasileira e souber que literatura estrangeira vai além de J.K. Rowling, Agatha Christie e Cecile von Ziegeser.

A inocência e a perversão convivendo,- nem sempre pacificamente, confesso-, em um corpo de menina. Felizmente, aprendi a usar esta contradição na minha profissão, e isso tem sido de grande ajuda para mim e para meus clientes.

Você deve estar se perguntando o que leva uma menina de classe média, bem-nascida e estudada a entrar nessa vida. Eu respondo: altruísmo. Devoção eterna e total àqueles que se dispõem a pagar meu preço. Faria-o de graça se pudesse. Mas sei que meus pais não vão durar para sempre, e é necessário arrumar um sustento próprio.

Não costuma chamar de trabalho minha ocupação, que realizo com o maior prazer. Meu e dos meus clientes. Mas é essa tarefa - a de levar prazer aos necessitados-, que paga minhas contas, meus estudos, minhas calças Diesel, minhas bolsas Louis Vitton, e meus sapatos Monolo Blahnik.

Você já deve ter percebido que meu preço é alto e poderia achar que meu altruísmo é falso. Nego veementemente. Apenas sou seletiva com aqueles a quem faço caridade.

Geralmente são jovens, na faixa dos 20 a 35 anos. Todos ricos, bonitos e com mais um fato em comum: namoradas e esposas que não tem uma certa habilidade específica. Estão mais preocupadas com a carreira do que com a vida amorosa. De jeito nenhum discordo delas. Eu também privilegio minha carreira. Estudei bastante para chegar onde estou. Leitura é um hábito fundamental que deve ser mais difundido. Entre meus autores preferidos estão: Hilda Hilst, Marquês de Sade (que serviu de inspiração para meu nome de guerra), Anaïs Nin, Florbela Espanca e a Bruna Surfistinha. Sim, se alguém pode guardar Machado de Assis e Paulo Coelho na mesma estante, porque não posso ler Bruna Surfistinha? Peca no estilo, mas sabe das coisas... Afinal, a prática leva a perfeição.

Com tanto prazer e diversão no ambiente de trabalho eu teria tudo para ser uma workaholic. Mas não sou. Também tenho meus hobbies. Escrevo nas horas vagas, e espero continuar criando e inventando histórias até o fim dos meus dias. Afinal, meu lindo corpo não vai durar para sempre. Precisarei comer e continuar sustentando meus pequenos luxos. Mesmo quando tiver mais batom nos dentes do que nos lábios, mesmo quando puder sentir o gelado do chão com meus seios, tiver mais rugas do que o maracujá na gaveta da geladeira e menos vergonha do que Rita Cadillac e Gretchen juntas... Prometo aos meus fãs: continuarei na ativa, como Dercy Gonçalves!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Tome conta do seu poder

O meu nome verdadeiro não interessa. O que interessa é o interessante motivo pelo qual escolhi esse nome de guerra.

Janis Jones são o nome e o sobrenome de duas heroínas para mim. Uma está morta e a outra é ficcional. Talvez exatamente por isso é que sejam heroínas. A primeira é Janis Joplin, viciada e genial, como eu. A segunda é Bridget Jones, que vive enrolada, briga com a balança e come cigarros.


Sim, eu leio best-sellers de mulherzinha, e daí? Pelo menos, eu leio.

Sou filha da classe média e aos dezoito anos, eu tinha de decidir que carreira seguir. Resolvi seguir uma carreira só, de pó branco, arrumar as malas e sair pedindo carona pelas rodovias. Meus pais se recusaram a financiar tal projeto, o que me levou a aceitar caronas e comida de caminhoneiros solitários em troca de algumas horas de prazer com meu corpitcho branco e rechonchudo. Meu rosto angelical e meus cabelos sedosos eram muito atraentes para aqueles pobres miseráveis que nunca tinham visto uma mulher mais ou menos de perto na vida. Pra falar a verdade, acredito que minhas gorduras lhes lembrassem de suas mães. Os homens são e serão eternamente controlados por nós enquanto se excitarem visualmente olhando nossos atributos e, principalmente, enquanto lhes lembrarmos suas mães.

Com o passar dos anos, fui aprendendo os macetes: as preocupações das mulheres não são as mesmas que as dos homens. Não se preocupe com celulite, estrias e nem em vestir roupas da última moda. Preocupe-se, sim, em não estar muito gorda nem muito magra, nunca descabelada, enfim, sempre apresentável, mas sem precisar parecer deslumbrante. Preocupe-se, sim, em demonstrar toda a confiança do mundo e nunca precisar dos sentimentos deles, só do dinheiro. Eles serão capazes de se endividar e sacrificar casamento e filhos por sua causa. E você nunca mais vai precisar mendigar carona de caminhoneiros nojentos.

Muito prazer...

Lolita Na Bukowski, o prazer é todo meu.

Sou de uma tradicional família da zona sul carioca. Desde cedo tive o mundo aos meu pés: cartões de créditos,viagens,compras... A vida parecia ser tão monótona e sem limites. Eu odeio isso! Estudei nas melhores escolas da cidade, morei na Europa e EUA.

Foi em Amsterdã,quando tinha 16 anos,que descobri qual seria a forma de me sentir livre.
Não,não estou falando das drogas! Isso também já não me satisfazia mais. Afinal, hoje em dia todo mundo fuma um baseado e cheira alguma coisa. É tão lugar-comum... principalmente nas rodas da alta sociedade. É a tríplice aliança burguesa: dinheiro,drogas e fama. Eu precisava de algo mais excitante(literamente), algo que me tirasse do sério - e como tira!!

Resolvi tornar-me puta por diversão. São tantas histórias, tanta adrenalina correndo nas veias e principalmente, muita endorfina.

Pelo meu nome de guerra vocês podem perceber que sou uma pessoa letrada.
Não dou por dinheiro, isso eu tenho de sobra. Dou porque eu gosto, porque faz com que me sinta diferente dessas menininhas blasé que existem pela cidade.

Qual meu diferencial?
Graças ao meu lado selvagem, egocêntrico e hedonista, minhas três amigas de profissão dizem que eu sou um homem.

E sou mesmo! Basta pedir. Posso ser menina,ser menino....
Cresci sem limites e não é entre quatro paredes que eu vou passar a ter.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Penny Lane é meu nome de guerra. O de batismo, prefiro manter em segredo. Vim ao mundo em uma pequena cidade do sul do Brasil. Meus pais são alemães e herdei deles os traços germânicos que me deram cabelos muito loiros, a pele muito clara além de olhos azuis. Fui criada na fazenda onde meu pai trabalhava e durante a infância fui muito feliz por lá.

Aos 14 anos fui surpreendida pelo filho do patrão de meu pai enquanto nadava nua, ainda não tinha consciência do meu corpo e conservava a inocência de uma criança. Este já havia se desenvolvido obviamente e assim se sucedeu minha primeira relação sexual. O filho da puta já se aproximou de mim com o pau de pé e a força me dominou e convenceu que era melhor ceder. Ceder. Mais tarde descobri que ceder é dar e principalmente aprendi que dar é bom. A adolescência me tornava boba e ele me dizia que me amava e que se contasse a alguém meu pai seria demitido e minha família passaria fome, a única coisa que ele amava era me comer, mas fatalmente meu pai seria demitido.

Anos mais tarde tudo foi descoberto pela família do fazendeiro bonachão. Fui enviada ao Rio de Janeiro com a desculpa de fazer um curso e virar atriz. Era o bom patrão ajudando a filha do capataz. Verdade era que fui trazida longe para evitar que o filho da puta comedor produzisse um bastardinho. Confesso que a idéia me encantou e realmente acreditei que me ajudariam. Depois de dois meses fui abandonada sem dinheiro, inclusive para voltar a minha cidade. Aos meus pais disseram que eu estava fora do Brasil, forjavam e-mails com notícias boas e os pobres caipiras acreditavam.

Quando ia ser despejada pela mulher que me alugava um quarto no bairro da Lapa recebi dela uma alternativa que depois de me chocar por 15 minutos pareceu muito atrativa. Trocaria aluguel e comida por sexo. Não com ela, mas com desconhecidos na rua. Depois de 20 dias dando para bêbados em troca de casa e comida, descobri todo meu potencial e consegui um emprego em uma boate de luxo. Ganhando bem, sendo fodida por velhos ricos ou desvirginando adolescentes abastados, a vida finalmente entrava (e saia, repetidas vezes) nos eixos. Às vezes aparece algum alemão, eles preferem as mulatas, mulher que nem eu têm aos montes lá na gringa, mas eu sempre ganho um troco por ajudar nas traduções. Como se precisasse traduzir gemido.

Graças à consciência rural sei que não poderei vender (prefiro considerar um aluguel) para sempre me tornei universitária nas horas vagas e resolvi entrar nessa moda de puta escrever memórias e me juntei a outras três companheiras de profissão para escrever o ENTREPERNAS. Os relatos, prometo, serão de graças e frustrações então não volte aqui para aprender a fazer uma saboneteira ou para descobrir o que me levou a ser a rainha do boquete. Isso é segredo industrial, baby.


A primeira vez


Aqui estou eu, Sandy Sade, para romper o hímen deste blog que, com toda certeza, será um sucesso.
Como toda primeira vez, esta será tosca, torta, errada e até um pouco dolorida, principalmente para mim, que não tenho lá muito jeito para virgens em geral, desde que eu mesma era uma...

Enfim, sou eu a responsável por fazer o trabalho sujo para os outros aproveitarem. Está aqui o primeiro post do ENTREPERNAS, o mais novo blog sobre sexo e afins...

Vocês lerão aqui coisas engraçadas, experiências que é melhor esquecer- depois de escrever sobre elas-, e até o lado bizarro do sexo. Afinal, as quatro colaboradoras deste recinto virtual são especialistas em bizarrice, a começar pela escolha da profissão (não, não é essa que você está pensando, é outra).

Então, entre, leia, fique à vontade. Mas antes disso, por favor, tire as meias.