domingo, 3 de fevereiro de 2008

Altruísmo

Sandy Sade. Um nome um tanto quanto contraditório, o que é fácil notar se você for minimamente ligado em música pop brasileira e souber que literatura estrangeira vai além de J.K. Rowling, Agatha Christie e Cecile von Ziegeser.

A inocência e a perversão convivendo,- nem sempre pacificamente, confesso-, em um corpo de menina. Felizmente, aprendi a usar esta contradição na minha profissão, e isso tem sido de grande ajuda para mim e para meus clientes.

Você deve estar se perguntando o que leva uma menina de classe média, bem-nascida e estudada a entrar nessa vida. Eu respondo: altruísmo. Devoção eterna e total àqueles que se dispõem a pagar meu preço. Faria-o de graça se pudesse. Mas sei que meus pais não vão durar para sempre, e é necessário arrumar um sustento próprio.

Não costuma chamar de trabalho minha ocupação, que realizo com o maior prazer. Meu e dos meus clientes. Mas é essa tarefa - a de levar prazer aos necessitados-, que paga minhas contas, meus estudos, minhas calças Diesel, minhas bolsas Louis Vitton, e meus sapatos Monolo Blahnik.

Você já deve ter percebido que meu preço é alto e poderia achar que meu altruísmo é falso. Nego veementemente. Apenas sou seletiva com aqueles a quem faço caridade.

Geralmente são jovens, na faixa dos 20 a 35 anos. Todos ricos, bonitos e com mais um fato em comum: namoradas e esposas que não tem uma certa habilidade específica. Estão mais preocupadas com a carreira do que com a vida amorosa. De jeito nenhum discordo delas. Eu também privilegio minha carreira. Estudei bastante para chegar onde estou. Leitura é um hábito fundamental que deve ser mais difundido. Entre meus autores preferidos estão: Hilda Hilst, Marquês de Sade (que serviu de inspiração para meu nome de guerra), Anaïs Nin, Florbela Espanca e a Bruna Surfistinha. Sim, se alguém pode guardar Machado de Assis e Paulo Coelho na mesma estante, porque não posso ler Bruna Surfistinha? Peca no estilo, mas sabe das coisas... Afinal, a prática leva a perfeição.

Com tanto prazer e diversão no ambiente de trabalho eu teria tudo para ser uma workaholic. Mas não sou. Também tenho meus hobbies. Escrevo nas horas vagas, e espero continuar criando e inventando histórias até o fim dos meus dias. Afinal, meu lindo corpo não vai durar para sempre. Precisarei comer e continuar sustentando meus pequenos luxos. Mesmo quando tiver mais batom nos dentes do que nos lábios, mesmo quando puder sentir o gelado do chão com meus seios, tiver mais rugas do que o maracujá na gaveta da geladeira e menos vergonha do que Rita Cadillac e Gretchen juntas... Prometo aos meus fãs: continuarei na ativa, como Dercy Gonçalves!

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